Os novos senhores do castelo

27 de junho de 2009 Zero Hora

HISTÓRIA

Famoso prédio do centro de Porto Alegre passa a funcionar como centro de cultura

por Eduardo Veras

Não há porto-alegrense que não o conheça. O Castelinho do Alto da Bronze é um anacronismo arquitetônico plantado no centro da Capital, tão estranho quanto fascinante, com seus paredões de pedra, as torres dentadas e as janelas em arco. Erguido nos anos 1940, o prédio imita mas não se confunde com uma fortificação medieval. Sempre sugeriu episódios fantasiosos, ao mesmo tempo em que servia de cenário a casos que, de fato, pareciam ficção (leia abaixo). O Castelinho da Vasco Alves esquina com Fernando Machado está enraizado no imaginário da cidade. A fachada e a história são familiares; poucos, porém, têm acesso a seu interior.

Esse ângulo altera-se a partir das 16h de hoje, com a inauguração oficial de um espaço cultural naquele endereço. A entrada será franca.

Um grupo de seis artistas – dedicados cada um a uma empreitada diferente, do artesanato de caleidoscópios às histórias em quadrinhos, passando pela pintura, pela escultura, pela fotografia e pelo teatro – alugou o edifício de três andares. Adriana Xaplin, Elen de Oliveira, Lena Kurtz, Lisete Bertotto, Alejandro Velazco, Sandra Santos e Manoel Henrique Paulo farão funcionar ali ateliês e oficinas, terão espaços voltados a exposições de arte, saraus literários e apresentações musicais e cênicas. Em princípio, o Castelinho estará aberto todos os dias, mas, por hora, enquanto ainda se organizam, os artistas-administradores pedem aos visitantes que procurem agendar com alguma antecedência pelo telefone (51) 3779-9896, com Elen, ou pelo e-mail castelinhocultural@yahoo.com.

A abertura oficial, a partir das 16h de hoje, contará com recepção circense do grupo Mundo Paralelo, exposição fotográfica sobre Cuba, apresentação dos PoETs, duo de flautas com Aninha Freire e Cibele Endres, performance cênica de Hugo Varela e Maria Albers. Haverá também exposição de trabalhos dos administradores e de seus convidados.

27 de junho de 2009 | N° 16013Alerta

Mistério no Alto da Bronze

O Castelinho do Alto da Bronze começou a ser erguido em 1948 a mando de Carlos Eurico Gomes, ministro do Tribunal de Contas do Estado, figura com relevante papel político no Rio Grande do Sul daqueles tempos. Apaixonado por castelos medievais, ele pesquisou muito para definir os contornos da edificação, toda ela em pedra. Conta-se que ergueu o castelinho para Nilza Linck, sua jovem amante – 22 anos mais nova do que ele.

No livro A Prisioneira do Castelinho do Alto da Bronze, de 1993, o escritor, jornalista e professor Juremir Machado da Silva reconstitui – a partir de depoimentos da própria Nilza – o drama que ela viveu ali. Ciumento, Eurico mantinha a jovem encarcerada.

Mais tarde, a casa serviu de sede para uma boate e, nos últimos anos, chegou a abrigar intervenções teatrais. Nunca teve, porém, seu interior franqueado ao público como agora.

Os atuais proprietários, que alugaram o castelinho para os artistas, são os vizinhos – donos da casa bem ao lado, na Vasco Alves, e da casa bem ao lado, na Fernando Machado. As duas residências se encontram pelos fundos, conjugados, formando um “L” em torno do famoso castelinho.

1 comentário:

  1. Olá!

    Estive presente à noite das máscaras no Castelinho Cultural. Gostaria de ver as fotos e as filmagens feitas durante o evento. Como devo proceder?
    Um abraço,

    Jarbas.

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